Houve um tempo que eu tinha tudo.
era bem o que eu precisava,
para mim, todo o meu mundo,
já que era tudo o que eu amava.
O todo era mais calmo, sereno,
o horizonte era bem mais largo,
o Sol mais brilhante
e qualquer problema, pequeno.
Meus pensamentos se iam campo afora,
não tinham limites ou razão
era só fechar os olhos, pensar nela
e todo mal ia-se embora.
O crepúsculo era como um quadro sendo pintado,
cores vivas. Vermelho, amarelo, alaranjado.
E quando a noite resolvia cair
um monte de pingos brilhavam no céu,
tudo me fazia sorrir,
eu era uma criança com um pote de mel.
Mas há dias que amanhecem cinzas,
porque nem sempre há aurora brilhante.
Aquilo que me era o tudo,
mudou por um instante.
Os pássaros já não cantavam afinados
e nem o café tinha mais aquele aroma.
O que aconteceu? Perdemos da vida a carona?
Ou só meus olhos foram desvendados?
Acho que foi a vida que se mostrou real,
com toda a dor que nos torna humanos,
fazendo cair as máscaras que sobraram do Carnaval.
Será que era tudo o que amava?
Para mim, era todo meu mundo?
Era bem o que eu precisava?
Houve, mesmo, um tempo que eu tinha tudo?